terça-feira, outubro 31, 2006

Fim da noite

Meu muito querido,
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Um beijo

sexta-feira, outubro 13, 2006

Felizardo

És um felizardo, disse-me uma amiga
Depois de ver o livro bonito que fizeste
A partir dos meus pobres relatos.

E eu sei que sou. Injusto, não percebo a redenção,
E deixo que de mim saiam, incessantes e fúteis,
As lágrimas do medo e dos erros
Que, sem saber como, fiz no meu passado,
Nuvens plúmbeas sobre um sol de cobre
Que é, contudo, luz total, mesmo contida.

Distancia

Um navio cego afoga-se lentamente
Num copo cheio de verde e transparente
Que seria mar se não fosse veneno.

Em torno olhos divertem-se distraídos
A morte dos navios deixa-os comovidos
E são suas as lágrimas em que eles se afogam.

É tudo tão pequeno e enorme, e contudo
Há homens que gemem no navio mudo
E os que fazem do silêncio o último grito.

O copo é do tamanho do mundo que me bebe
Esvaziado para o ventre ígneo que recebe
Astros, cósmicas malevolências e dores inúteis.

Cego partiu o navio à procura de porto
Cego ficou na mesquinha rota, morto,
Afogado na cor dos olhos que te viram.

Iludiu-se o timoneiro que queria encontrar
A rota que o levaria ao lado oposto do mar
Que mais não é que copo ou proveta.

Que nos bebam os deuses ou nos rejeitem
Ou criem ásperas marés com as lágrimas que deitem
Por olhos cruéis e curiosos que se divertem,

A rota tem que ser cumprida. O destino, feliz ou infeliz, final,
Nem conta. Mas sim, pelo caminho, a força do timoneiro
Que ignora o jogo dos deuses, soberano e inteiro.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Doppia valle dovi sono

duplo vale onde estou
consciência desperta de ser-se si
sou. impotente na mudança
porta aberta à inconstância das águas
rios sem pontes, pegos e montes
neste duplo vale onde estou
espírito íngreme encosta escarpado
vale duplo onde duplo estou
duplo vale eu duplo onde estou
porta vale
sou
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