segunda-feira, janeiro 01, 2007

Feliz Ano Novo

São quarto da manhã: saiu agora
O último convidado desta noite. E
Logo a seguir toca o telefone: és tu.

E nisto, e no que me disseste, a minha festa
Ficou a tua; e a tua, a minha. A ligeira melancolia
Do cigarro fumado na marquise sozinho -
Com os outros mesmo ali, mas só contigo,
A imaginar-te na tua festa e eu aqui
Como tem que ser - desfez-se em fumo
Mais diáfano que o do cigarro.

Estás sob uma azinheira que respira
E pedes-me que respire com ela: e isso
Faço, sem me custar, é natural.

Contigo respiro perto ou longe
E o longe de hoje foi tão perto como pede
O meu sobressaltado coração. E dormirei
Com a roupa em que deixaste o toque
E o cheiro. E do lado da cama
Que se recorda do teu dormir. És um parvo
Dizes, pois sou, e respondo, tu também
Porque a distância não tem significado
E neste estarmos longe e perto estamos bem.

A luz, dizes, é azul e verde e amarela
Talvez como a que segue um outonal poente
Ou como a que quis pôr no que hoje pintei.

Talvez a lua não esteja cheia quando chegar
A hora de partires pro teu destino. Mas hoje
Ele encheu-se de nós e da melodia
Que surdamente cantamos enquanto toca
A música que te leva agora a ir dançar.
Por ti esta noite foi nossa – a primeira
Deste ano que começa. Feliz Ano Novo!

E enquanto danças dormirei tranquilo
Protegido pelo amor que me dás
Nas palavras que descrevem onde estás.

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