sexta-feira, dezembro 08, 2006

Não sei, não

Não sei, não. Não sei o que sabes
Do que tento revelar, tão óbvio,
Não sei o que não sabes quando talvez saibas
Que o que fazes e eu temo me faz não saber
Quem és, nem o que queres, nem se sabes
Que algures aí um espinho me fere.

Não sei do que aprendi, nem do que tento
Saber, pela razão calma e ponderada,
Por saber que é assim que virás a saber
Como um percurso se constrói. É a tua vida,
És tu que sabes dela e não eu. Que nada sei
Nem do que sentes e não dizes, nem do que sinto
Quando digo. Não sei nada, mesmo nada,
Uma vida inteira a aprender, a querer
Saber, e agora do que sei prefiro não saber
E nem sei se não sei nada, porque sei
Que em mim se revolta um ser que não conheço
Que não domino, de que não quero saber.

E aí mesmo o acalmo. Ao ignorá-lo ele volta
Para os infernos onde se esconde atento. E isso
Eu também sei: é só um demónio mesquinho
Que travesso insiste em turvar a limpidez do que
Quando sereno, reflete a cada momento
O que ambos sabemos que afinal somos.

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