domingo, março 11, 2007

Bem-vindo

(Em honra da tarde de seis de Março de dois mil e sete)

Bem vindo porque vieste; e o teu sorriso,
Ainda que misterioso, desmontou
Os meus pavores. Bem-vindo porque me deste,
Uma vez mais, o que tens de tranquilo. E eu,
Que sou este molho electrizado de nervos
E medo, acalmei. Ali, como se fossem novos,
Repetimos gestos antigos. E o meu choro não é
Já o do terror, mas o do reencontro, como quando
Os soldados vinham da guerra e quem os esperava
Não sabia sequer se ainda os reconhecia. Bem-vindo.

O tempo é um grande escultor, dizia ela
Que sabia destas coisas – era velha – e contudo
Nela esteve sempre o olhar maravilhado pelo que pode ser
Um amor como este. Narrou-o. Mas também
Falou de separações inevitáveis quando o fado
Manda que o amor acabe. E isso foi sempre o que li
Com mais atenção. Mas não foi hoje que aconteceu. Bem-vindo.
Hoje foi dia de festa para mim, o atormentado,
Que, por desgostar de si, desconfiou. Mas agora e aqui
Iluminas, por ti só, a esperança que voltou.

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