domingo, fevereiro 11, 2007

Inocência

Ele falou-me dos seus amores traídos e de
Como, por isso, confiar se tornou tão difícil.
Ah! respondi, como te compreendo! Também eu
Tenho tanta dificuldade em aceitar como tal
O que simples se apresenta! É que logo construo
Os instrumentos que me levam à tortura permanente...
Sim, diz ele, não telefonou nem respondeu logo
Às minhas mensagens... E eu desespero...É isso!

Concordamos então que temos de reaprender
A inocência que os do passado nos fizeram perder
Para acreditar agora, para confiar, calmos
(Calmos?! E os dois rimos com amargo conhecimento)
Que quem nos ama agora não precisa de nos dizer
Como nós, que já sofremos, precisamos de ouvir:
Para sermos de novo inocentes tanto trabalho a fazer...

Mas isso, digo eu, já não é inocência... Isso poderá ser
Quando muito sabedoria... E poderá a nossa ser
Suficiente para não destruir o que amamos? Ficamos
Calados. O limpa vidros do carro em que vamos marca
Monótono, o longo caminho que ainda há a percorrer
Companheiros de umas horas, cúmplices
De um pequeno e frágil íntimo momento.

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